Comecei há tempo a trabalhar na estrada
Com um caminhão de dez tonelada
Um bom encerado e corda trançada
Com a ferramenta embaixo da almofada
Levo minha vida sempre atribulada
Não tenho domingo, feriado e nem nada
O meu caminhão é minha morada
Na sua cabina eu faço a pousada
Se a estrada é lisa pro carro rodá
Eu ponho as corrente pra não derrapá
Vou cortando chão até onde dá
E se o carro atola não pego a forçá
Eu tenho um chicão que é pra levantá
E com o enxadão começo a plainá
Eu faço uma estiva sem me lamentá
Com uma reduzida eu saio de lá
Eu só viajo à noite, essa é minha sina
Tenho um bom farol pra cortar neblina
E se chove muito abaixo as cortina
O gigante roda pra onde se destina
Eu já fiz direto do Rio a Londrina
Fui a Blumenau em Santa Catarina
Eu fui de Goiás cortando as campinas
Pra Belo Horizonte capital de Minas
Eu faço transporte seja pra onde for
Fui de Porto Alegre pra São Salvador
E de Curitiba transportei valor
Rumo de São Paulo cortando o interior
Eu tenho cuidado, não forço o motor
E não piso muito no acelerador
Viajo sozinho sem nenhum temor
Com fé em São Cristóvão que é meu protetor